sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Igreja Católica forma seu Estado.

A organização da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) estava definida por volta do século III,com a estruturação do clero secular e surgimento do clero regular.
Em 325,o Concílio de Nicéia estabeleceu a igualdade entre os “patriarcas” (chefes espirituais) de Jerusalém,Alexandria,Antioquia e Roma.Mas já se atribuía,desde então,autoridade especial ao bispo de Roma.Sua supremacia era defendida com argumentos distorcidos,extraídos dos evangelhos.

A autoridade do bispo de Roma sobre toda a cristandade ocidental começou a ser reconhecida por Teodósio, imperador que oficializou o cristianismo como religião do Império Romano e que empregou pela primeira vez a palavra papa. Pouco a pouco, esse poder foi se considerando, até ser reconhecido oficialmente pelo imperador Valentiniano III, com a publicação do Edito da Supremacia Papal, em 445.
Ao longo da Idade Média, a ICAR se tornou a instituição de maior poder temporal, controlando vastas áreas e enorme contingente populacional.
O primeiro papa da Idade Média foi Gregório I (590-604), que se aproveitou da falência do poder imperial na península Itálica, onde não havia governante, para assumir o poder temporal na região Gregório I estabeleceu os direitos e obrigações do clero, estimulou a fé pelo canto gregoriano, desligou-se da influência do Império Bizantino e, acima de tudo, procurou converter os povos germânicos ao cristianismo, trabalho continuado por seus sucessores. Por volta da metade do século VIII, grande parte da população da Europa Ocidental estava sob a influência da ICAR.

Em 756, a ICAR constituiu seu próprio Estado na península Itálica, quando Pepino, o Breve,doou ao papado o Patrimônio de São Pedro formado por terras tomadas dos lombardos. Com o nascimento do Estado da ICAR, o poder temporal do papa, que passou a exercer funções de verdadeiro monarca, aumentou de forma considerada.
Pouco a pouco, a monarquia pontifical se fortalecia e intervia cada vez mais na escolha dos bispos. Apesar de eleitos pelo clero e pelo povo, bispos e arcebispos deviam ter seus nomes confirmados, em Roma, pelo papa.
Para administrar a ICAR, que contava com número cada vez maior de fieis, o papado constituiu a Cúria Romana, espécie de secretaria geral, cujos membros mais importantes eram os cardeais. Em nome dos fiéis, tinham a função de eleger o papa. Os fiéis, assim, deixaram de participar dessa escolha.
Para cobrir as despesas administrativas, o papa criou o fisco pontifical, espécie de tesouro formado por rendas geradas nas propriedades do papado, contribuições, taxas sobre serviços e impostos cobrados aos reinos cristãos.
Durante a Idade Média, a igreja continuava seguindo em direção à formalidade e ao institucionalismo.
O papado procurava exercer sua autoridade, não somente em questões espirituais mais também em assuntos temporais. Muitos papas e bispos tentaram “espiritualizar” esse período da história, no qual imaginavam o Reino de Deus (ou a Igreja Católica Romana) espalhando sua influência e regulamentos por toda a terra. Tal atitude resultou numa tensão constante entre os governantes seculares e os papas pela manutenção do controle. Não obstante, com poucas exceções, o papado mantinha a supremacia em quase todas as áreas da vida.
É certo que nem todos aceitaram a crescente secularização da Igreja e sua aspiração de cristianizar o mundo. Houve algumas tentativas notáveis de reformar a Igreja, na Idade Média, e de recolocá-la no caminho da verdadeira espiritualidade. Vários movimentos monásticos ( por exemplo, os cluníacos do século X e os franciscanos do século XIII e até mesmo leigos (os albigenses e os valdenses , ambos do século XII) fizeram esforços nesse sentido. Figuras de destaque, como os místicos Bernardo de Clarival (século XII) e Catarina de Siena (século XIV) e clérigos católicos, como John Wycliffe (século XIV) e João Huss (final do século XIV, início do século XV) procuravam livrar a Igreja Católica de seus vícios e corrupção e devolvê-la aos padrões e princípios da Igreja do Novo Testamento. A Igreja de Roma, no entanto, rejeitava de modo geral essas tentativas de reformar. Ao contrário, tornava-se cada vez mais endurecida na doutrina e institucionalizada na tradição. Semelhante atitude tornou quase inevitável a Reforma Protestante.

Bibliografia de referência:

01. ARRUDA,José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a história.11º.ed.São Paulo,Àtica,2002.

02. HORTON,S.M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,1996.

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