sexta-feira, 2 de abril de 2010

O declínio do poder do papa

“mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas, e as ambições de outras coisas,entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera.” (Mc.4:19).

A Baixa Idade Média foi um período de grandes transformações. A Igreja Católica (ICAR), instituição mais rica e poderosa na Europa do século XII, não escapou a essa regra. À medida que os reis centralizavam a autoridade política e a burguesia prosperava, ignorando as proibições da Igreja às atividades econômicas lucrativas, o poder do papa e do alto clero-estreitamente ligado à ordem feudal- começou a enfraquecer.
Além disso, grupos esclarecidos de padres e fiéis passaram a exigir que o papa fizesse reformas na Igreja; e muitos fiéis aderiram a práticas religiosas que procuravam recuperar a essência dos ensinamentos bíblicos.

Em 1122, com o fim da Querela das Investiduras, a Igreja atingiu seu apogeu. Inocêncio III ampliou os Estados da Igreja na península Itálica, convocou a Quarta Cruzada, organizada pelo imperador do Sacro Império, e ajudou a subjugar muitos reis, como o inglês João Sem-Terra. Afirmando-se representantes de Cristo na terra, os papas passaram a dominar a política européia.
Com a formação das monarquias nacionais, esse poder da Igreja passou a ser questionado pelos reis. O choque ficou claro na disputa entre Filipe, o Belo, rei da França, e o papa Bonifácio VIII, que exigia para a Igreja direito de não pagar impostos. O conflito culminou, em 1309, com a transferência da sede do papado para Avignon, na França.
O papado voltou a Roma em 1377, mas no ano seguinte foram eleitos dois papas: Urbano VI, em Roma, e Clemente VII, em Avignon.
Essa divisão da Igreja, o Grande Cisma, foi resolvida no Concílio de Constança (1414-1418), que elegeu um único chefe para a Igreja, Martinho V. O concílio também julgou e condenou João Huss e Jerônimo de Praga à morte na fogueira, por liderarem um movimento reformista na Boêmia, que denunciava a ambição do clero por prestígio político e bens matérias.

As transformações econômicas e sociais dos séculos XII e XIII afetaram profundamente a ICAR, ao provocarem uma verdadeira crise da consciência religiosa. Os valores difundidos pela Igreja eram assimilados mais facilmente pelo mundo rural da Alta Idade Média do que pelas sociedades urbanas que se desenvolviam. A burguesia recusava parte do pensamento religioso medieval e adotava novos valores. Divulgava-se, por exemplo, a idéia de que a humanidade era responsável pelo próprio destino, sem ter de se subordinar à rígida autoridade eclesiástica.

Importante destacar, entretanto, que na Europa daquela época a fé em Deus era um valor inquestionável, uma crença inabalável.
As críticas voltavam-se contra os dogmas estabelecidos pela ICAR e as práticas religiosas.
O acúmulo de riquezas pela Igreja criava tensões dentro da própria comunidade eclesiástica e suscitava críticas severas entre os cristãos.
Muitos pediam aos padres, bispos, monges e mesmo ao papa que se desligassem das riquezas do mundo e voltassem a observar a virtude de uma vida humilde, vivendo mais de acordo com os ensinamentos e os exemplos de Cristo e dos apóstolos.

Bibliografia de referência:

ARRUDA,José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a história.11º.ed.São Paulo,Àtica,2002.

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